JOGOS

PET HISTÓRIA UFF

Produção:
Caio Manzoli
Eduarda Monteiro
Frederico Schornbaum
Gabriel Pequeno
Pedro Reis

GREVE DE 1917O JOGO

Imagens meramente ilustrativas.

A revolução industrial de 1789 significou um aumento simultâneo do volume de trabalho e da exploração dos trabalhadores. Durante o século XIX, este modelo de produção se espalharia pelo continente europeu. Entretanto, essa expansão teria de enfrentar a resistência de trabalhadores que se revoltaram frente às péssimas condições de trabalho e baixos salários. Dessa forma, o contexto do início do século XX era de fortalecimento de ligas operárias e sindicatos, fortemente influenciados por teses marxistas anticapitalistas. O mundo assistiria o ápice dessa conjuntura no ano de 1917, com a derrubada do regime monárquico czarista na Rússia protagonizada por organizações operárias.

Florenzi é um recorte clássico da classe operária brasileira que fervilhava nos grandes conglomerados industriais. Nascido na cidade de Paola, na região da Calábria, Arturo seguiu os passos de milhares de seus conterrâneos e veio para o Brasil na tentativa de um novo começo. Logo nos primeiros anos em São Paulo, conheceu Maria Flor, por quem se apaixonou e passou a constituir uma família. Pai de Paolo e Pietra, Arturo vive boa parte de sua vida em uma Indústria Têxtil, onde é operador de máquinas em expediente integral. Apesar de muito fiel à sua família e ciente de que o salário que recebe é o principal responsável pelo bem estar dos mesmos, Arturo não é grande fã do trabalho que exerce, muito menos de seu imediato, o Senhor Carlos de Aragão, dono das indústrias têxteis que levam seu sobrenome. Mesmo tendo em vista todas essas disposições, Arturo não costuma se posicionar firmemente acerca de seu trabalho nas indústrias Aragão, o que o leva a ser um homem em constante mudança.

Arturo Florenzi nasceu em 1881, na cidade de Paola na Itália.

PAOLA, REGIÃO DA CALÁBRIA, ITÁLIA

Em 1902, emigrou da Itália para o Brasil.

BRASIL

A primeira vez que seus pés tocaram o Brasil, foi no porto de Santos, no estado de São Paulo.

ESTADO DE SÃO PAULO

Depois de sua longa jornada, assentou-se na cidade de São Paulo, no bairro operário do Mooca

BAIRRO OPERÁRIO DO MOOCA
ZONA LESTE, CIDADE DE SÃO PAULO

O sol havia nascido há pouco quando Arturo Florenzi saiu de sua residência para trabalhar. O caminho até as Indústrias Aragão não chegava a somar 10 minutos, mesmo com as passadas sonolentas de Arturo. Na sua chegada à fábrica cumprimenta brevemente alguns colegas e se dirige para o setor maquinário, onde atua como operador. De onde exerce seu trabalho, é possível observar Carlos de Aragão, seu chefe e herdeiro da família Aragão, umas das mais influentes de São Paulo.

Hora do Almoço

Nas Indústrias Aragão os operários tinham um intervalo de 10 minutos ao meio dia para alimentação. A marmita de Arturo era de arroz, feijão e couve. Não havia um dia sequer em que não sentisse falta da macarronada de sua mãe. Caminhando para se sentar na mesa ao lado de seus amigos Ricardo e Vicente, repara que Danilo Freitas, um dos funcionários mais antigos da fábrica, está acenando para ele.

Curioso para saber do que se tratava, Arturo senta-se com Danilo. ‘’Hoje faz 7 dias de atraso do nosso pagamento. Corre um boato de que o nosso salário será reduzido nos próximos meses. O limite foi ultrapassado há tempos, devemos nos organizar!. Te chamei aqui porque vejo a revolta entre os operários e sei que os outros confiam em você’’ Disse Danilo. Arturo consentiu com a cabeça em silêncio. Faltavam 3 minutos para o fim do intervalo, concentrou-se em comer o mais rápido possível.

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Arturo, mesmo curioso para saber o que Danilo tinha para dizer, sentiu-se mal por deixar Ricardo e Vicente sozinhos e sentou-se com eles. Na mesa, o assunto era um só: o atraso dos pagamentos. ‘’Cara, 7 dias de atraso!!’’, exclamou Vicente. ‘’É, e na fábrica que minha mulher trabalha vão diminuir os salários a partir da próxima quinzena’’. Completou Ricardo. ‘’Ouvi dizer que vão fazer isso aqui também’’.

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Ao voltar para seu posto de trabalho, Arturo não parava de pensar nos movimentos de operários que ocorreram em sua terra natal. Via muitas semelhanças entre os contextos, sabia que o que Danilo falava era verdade. Algo precisava ser feito.

A mente de Arturo o levou de volta a Itália, em sua terra natal contextos semelhantes levaram a grandes conflitos. O sentimento de indignação era crescente nos operários e ele conseguia enxergar isso. Algo precisava ser feito.

Arturo se dirigiu até a sala de Carlos de Aragão. Deu dois toques na porta e recebeu a permissão de entrada.

Com a voz segura, Arturo exige o pagamento imediato do salário atrasado. Insultado pela atitude de um operário, Carlos responde rispidamente ‘’Volte para seu posto, rapaz insolente. E não admitirei outra atitude do tipo, esteja avisado!’’

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Ao entrar na sala, Arturo lembra do atraso do salário e questiona se há previsão de pagamento. Com uma voz tranquila, Carlos de Aragão ressalta o momento difícil que as indústrias estão passando e afirma não haver uma data para o pagamento ser efetuado. ‘’O melhor a se fazer nesse momento é voltar ao trabalho’’.

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Com a resposta negativa, Arturo entende que vai precisar do apoio de seus colegas.

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Arturo pediu apoio a Danilo e seus dois amigos, Ricardo e Vicente, para convocar uma reunião entre os operários mais experientes nos diversos setores da fábrica. Ao todo 17 trabalhadores estavam presentes. Em seu discurso, Arturo justificou a convocação de seus colegas dizendo que algo devia ser feito em relação ao atraso do pagamento. Escutou dos operários brados de concordância. Daniel, um operador de máquinas, acrescentou que o tempo de intervalo era muito pequeno; outro funcionário disse que as luvas estavam furadas; outro reclamou do espaço pequeno em que trabalhava. A cada instante a reunião contava com mais pessoas. Era possível sentir a euforia e revolta presente no local.

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Ao final da reunião, os trabalhadores decidiram por enviar uma carta ao Carlos de Aragão exigindo o pagamento. De forma soberba, o chefe da indústria reafirma que o pagamento não tem data para ocorrer, frustrando os funcionários. Arturo sai da fábrica

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O sol começa a se pôr, é o fim do seu expediente nas Indústrias Aragão, Arturo sai pela porta dos funcionários se juntando a seus colegas operários na jornada de volta ao lar. Enquanto Arturo se espreme pela multidão de corpos igualmente vestidos a ele e igualmente cansados, Arturo ouve uma voz que chama seu nome: “Ei Florenzi, aqui italiano, ei aqui, vem cá.” Você vê Beto, ele trabalha ao seu lado nas máquinas você nunca tinha percebido muito nele até esse momento.

Conforme você se aproxima de Beto, Arturo percebe que ele está em uma rodinha de gatos pingados, todos vestidos com macacões da fábrica e caras estranhas - uma mistura de rostos zangados e cansados. Quando Arturo se acomoda na rodinha, os trabalhadores recomeçam a sua conversa:
- “Eu perdi o aniversário do meu filho!” disse um,
- “Parece que meus dedos vão cair das minhas mãos”, disse outro,
- “Eles não deixam a gente ir ao banheiro! Se fosse por eles eu ia me cagar no trabalho!”, disse mais um.

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Beto, então, abanando as mãos fala:
- “Certo, camaradas, o negócio não tá fácil. Mas hoje a coisa esquentou!” Beto apontou para Arturo: “Esse aí só faltou colocar o dedo na cara do porco do Aragão!”
Arturo riu sem graça
- “Vai chamar a gente pra greve?” disse um dos membros da roda rindo.

- “A gente trabalha todo santo dia pra alimentar aquele porco gordo do Aragão! Ele come bem toda noite enquanto a gente morre de fome! Se não fosse por causa da gente não tinha nem fábrica e nem Aragão! Máquina parada é a única língua que patrão fala” disse Arturo.
- “A gente tinha que pegar ele e sentar no sarrafo!" disse o operário que perdeu o aniversário do filho.
- “Mas calma! Se só nós cinco pararmos a gente perde o emprego!”, disse Beto sensatamente.
- “Tem que arrumar mais que cinco! Se a fábrica toda for atrás do porquinho, ele não pode demitir todo mundo, né?Né mesmo? Disse o operário cagão com um sorriso.
- “É verdade! E se nós conseguirmos mais gente, talvez saia algo” disse Beto sorrindo: “E aí Arturo? Vai chamar a greve?”
- “Eu bem que deveria camarada, mas não tenho gabarito para isso!” Disse Arturo.

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- “Ô gente, vocês estão doidos!” Disse Arturo assustado: “A gente já tentou conversar com o Aragão e já tomou passafora! Imagina se a gente resolver parar!”
Todos murmuraram concordando
- “Mas e se todo mundo parar?” Questionou Beto: “Ele não vai demitir a fábrica inteira!”
- “E quando que a fábrica inteira vai parar? Todo mundo passando fome e morrendo de medo de perder o emprego!” retrucou Arturo
Todos murmuraram concordando
Arturo continuou:
- “Tá cheio de fábrica em greve agora. Você acha que ta dando em alguma coisa? Tá nada”
- “O melhor é ir conversando para fazer pressão, assim o Aragão uma hora cede e paga gente” Disse um dos operários
- “É isso camaradas, vamos simbora que já tá tarde disse” Beto.

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Arturo vai pra casa pensativo sobre a greve e sobre a visão que os colegas tinham dele como uma liderança.

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Arturo não se envolveu tanto nos debates trabalhistas que iam acontecendo na fábrica nos últimos dias. Mas a partir de uma fofoca alí e outra lá, Arturo sentia que algo grande estava prestes a acontecer.

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Com a mobilização interna dos trabalhadores e sua evidente organização, o movimento de reivindicação de direitos ganhava corpo. Apesar do evidente engajamento da classe operária, a repressão tornava-se cada vez maior, e para além das prisões, o momento passa a ser marcado pela violência assimétrica das forças policiais. Nas ruas, o que se vê é um grande palheiro, prestes a ser incendiado.

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Empresários como Carlos de Aragão confiavam na movimentação dos oficiais de polícia, e principalmente no Estado para defender seus interesses. Para pessoas como você, o que resta é ter fé nas ruas, mas com a certeza sempre presente de que o relógio da fábrica nunca para …

Arturo permaneceu em casa no dia da manifestação, no dia seguinte na hora do almoço, viu um jornal que circulava nas mãos dos operários. Quando o jornal chegou até Arturo ele viu a seguinte notícia:

"10 de julho de 1917:
José Ineguez Martinez (anarquista espanhol), 21 anos, morre, após levar um tiro dos policiais, durante um protesto, no da 09 de julho, na frente da fábrica de tecidos Mariângela, no Brás, tornando-se assim a primeira vítima do movimento, pela intensificação da repressão do Estado à mobilização dos trabalhadores."

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Arturo encontrava-se no meio da multidão, no mar de bandeiras vermelhas e escuras os operários exigiam seus direitos.

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Tudo ia bem na manifestação, até que de repente, é ouvido um estrondo. Arturo tinha a impressão que depois do barulho, tudo havia ficado silêncioso por um segundo. Logo depois, o silêncio havia sido quebrado, algumas pessoas corriam, outras gritavam, olhava-se freneticamente para a frente, para trás e os lados, procurando um corpo ou o atirador. Enquanto desorientado na multidão caótica, Arturo viu um operário que sem mover um músculo, deu um grito:
- “Eles querem nos matar, mas não vamos nos calar!"

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No dia seguinte, o ar estava pesado no refeitório da fábrica. Ouvia-se boatos que um rapaz tinha sido baleado... Arturo observou um sussuro que parecia vir do outro lado do refeitório, e que ia se aproximando dele, conforme o jornal era passado de mãos em mãos. Quando o jornal chegou até ele, viu a notícia:

"10 de julho de 1917:
José Ineguez Martinez (anarquista espanhol), 21 anos, morre, após levar um tiro dos policiais, durante um protesto, no da 09 de julho, na frente da fábrica de tecidos Mariângela, no Brás, tornando-se assim a primeira vítima do movimento, pela intensificação da repressão do Estado à mobilização dos trabalhadores."

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No fim do expediente, Arturo recebeu a notícia que haveria uma reunião dos trabalhadores na Praça da Sé, no dia seguinte. A reunião aconteceria logo após o enterro do rapaz...

No dia seguinte, enquanto jantava com sua família. Arturo via no jornal:

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Dia 11 de Julho, Praça da Sé, logo após o enterro de José Ineguez Martine:

Na Praça da Sé, os trabalhadores se reuniam para honrar a memória de José e a sua luta, que era a de todos ali presentes. Um trabalhador carismático sobe em um palanque e começa:- “Camaradas, diante do que se passou com o nosso companheiro José Ineguez Martinez, está claro que não seremos ouvidos por vias tradicionais. Então, só temos uma alternativa:

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GREVE GERAL!

A multidão vibra. Começa a votação de adesão à greve.

A TRAJETÓRIA DO SEU PERSONAGEM TERMINA AQUI, MAS A GREVE OCORREU MESMO ASSIM E VAMOS TE CONTAR O DESFECHO DELA.

No dia 12 de julho a cidade de São Paulo amanheceu parada. Cerca de 100 mil trabalhadores permanecem em greve entre os dias 12 e 16 de julho.

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A primeira tentativa de acordo com os trabalhadores ocorreu no dia 14 de julho, através de representantes do Comitê de Defesa Proletária (CPD), intermediada pela comissão de imprensa. Na proposta conciliatória apresentada pelos industriais e pelo poder público constavam: aumento de 20% sobre os salários; respeito ao direito de associação dos operários; não demissão dos operários por motivo de adesão à greve; realização do pagamento dos salários na primeira quinzena do mês; libertação dos presos por participação na greve; reconhecimento do direito de associação etc.

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O Comitê de Defesa Proletária decidiu, no dia 16 de julho, acatar o acordo, mesmo que apenas 11 dos industriais (5%) que tiveram as atividades paralisadas em suas fábricas tivessem assinado. Os trabalhadores consideraram que as concessões foram uma vitória e representavam o ponto de partida para conquistas futuras. Além disso, também tinham receio de que a intensificação da repressão policial pudesse fazer mais vítimas.

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O Comitê de Defesa Proletária acionou os grevistas a participarem de comícios públicos para decidirem pela suspensão da greve geral. Milhares de trabalhadores reunidos nas ruas votaram e aprovaram a retomada ao trabalho nas fábricas onde os patrões seguissem o acordo, e a manutenção da greve onde os industriais não acatassem as determinações dos trabalhadores. E assim foi feito.

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No dia 16 de julho, com o fim da greve geral, a cidade de São Paulo começa a voltar à normalidade. Entretanto, o movimento de 1917 entra para a história como a primeira greve geral e uma das maiores mobilizações de trabalhadores do Brasil.

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Juntos, os trabalhadores optaram pela decretação de greve na fábrica. Há dois dias que não se ouve o barulho do maquinário - antes incessante. O som das máquinas cedeu lugar aos murmúrios dos operários, que discutiam formas de prosseguir com a resistência. Ao meio-dia, chegaram ao consenso da criação de um comitê formado por diversas lideranças de setores da indústria para ditar e organizar linhas gerais do movimento: o Comitê de Defesa Proletária(CDP). A primeira reunião foi marcada para a noite de 11 de Julho, onde se discutiriam as pautas a serem reivindicadas pela greve.

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Arturo estava completamente encasacado e ainda assim morria de frio. Um vento gelado soprava no inverno de São Paulo, daquele de congelar os ossos e senti-los arder. Ele estava na porta da casa onde o CDP se reunia na noite de 11 de Julho. Mais de 50 pessoas já haviam chegado, entre membros do Comitê e representantes de organizações das categorias. O camarada que estava chefiando a segurança fez o sinal para que entrassem. Arturo e o colega trancaram a porta e ficaram espiando pela janela onde podiam ver o movimento da rua.

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O frio deixava tudo mais dramático. Era como se cada movimento, mesmo os pequenos, fosse sentido por todo o seu corpo. Caso a polícia chegasse deveriam soar o alarme e ajudar na fuga pelas saídas laterais do prédio. Só sentado do lado de dentro é que Arturo percebeu o quão cansado estava. Foram de longe os dias mais intensos de sua vida. As atividades da Greve lhe exigiram muito. Teve medo de morrer com a repressão. Ao mesmo tempo, se sentia animado, tudo estava sendo muito rápido, mas acreditava que tanta luta valeria a pena no final.

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Ao longo da noite em seu posto de vigia, Arturo ouviu as discussões acaloradas da reunião. Os sindicalistas faziam falas, havia aplausos, mas também vaias e bate bocas. O tema da reunião era a continuidade da greve e a unificação das pautas para todas as categorias. Mais para frente na reunião começaram palavras de ordem. Aos poucos um e outro uniam-se em um mesmo tom. Era um grito carregado, que tinha tantos significados que saía quase de maneira automática: GREVE GERAL! GREVE GERAL! Arturo encheu-se de ânimo. Os trabalhadores estavam se unindo contra os patrões. No final finalmente chegaram a pautas unificadas. Agora seria preciso votar, para decidir quais entrariam nas reivindicações da greve e quais seriam descartadas.

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Como membro da Comissão de Defesa Proletária (CDP), Arturo deveria produzir o documento de declaração da greve geral que reuniria as principais reivindicações dos trabalhadores. O documento deve ser enviado à comissão dos jornalistas de São Paulo em até 24h.

A declaração havia sido redigida, todos aguardavam ansiosamente pelas negocioações.

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No dia 16 de julho elas começaram...

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Arturo tinha debaixo do braço um envelope pardo, estava caminhando em meio a multidão junto dos outros representantes. Prestes a começar as negociações, pensava alí mesmo, que carregava todas as angústias e vontades debaixo do braço, passado e futuro guardados zelosamente debaixo de seu sovaco.

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Arturo entrou na fábrica vazia como um cemitério e subiu novamente até os escritórios das Indústrias Aragão. Dessa vez com a voz de milhares ao seu lado.

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Ao entrar nos escritórios, Arturo se deparou com os múltiplos homens de terno, políticos, industriais e jornalistas. Aragão se levanta e diz:
- “Vamos lá, sentem-se e fiquem à vontade, vamos resolver esse mal entendido, e deixar o passado para trás.”

Arturo senta-se.

Arturo fica em pé.

Um dos engravatados dá uma risadinha seca e diz num tom de desprezo: “Hum, já esperava algo assim, nós damos emprego a eles, tiramos o dinheiro do nosso bolso, para as máquinas, para os impostos, para os salários, tudo isso para dar a eles a oportunidade de trabalhar! E como eles nos tratam?! Sem nenhum respeito! Como uma criança mal educada, que quando o pai dá um doce, logo começa a chorar pedindo mais!”

Arturo se mantém em silêncio

Arturo diz revoltado: "Você fala como se o fizesse por caridade! Mas na verdade, caridosos somos nós que por tanto tempo, gentilmente deixamos que você nos roubasse a alma, a vida e o trabalho!"

Jorge Aragão levanta-se de sua poltrona e diz:
- "Ei! Ei! Ei! Não estamos aqui para brigar! Quanto mais baderna, mais tempo as máquinas ficam paradas!
A reunião se resume.

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Com os animos elevados, as negociações começam. Depois de muitas discussões intensas, os indústriais junto do governo fizeram a proposta final:

Proposta conciliatória apresentada pelos industriais:
- Aumento de 20% sobre os salários
- Respeitar o direito de associação dos operários
- Não demitir nenhum operário por motivo de adesão à greve
- Realizar o pagamento dos salários na primeira quinzena do mês
Proposta apresentada pelo poder público:
- Libertar todos os presos por participação na greve
- Reconhecer o direito de associação
- Fazer cumprir a lei que impedia o trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos

ARTURO ACEITA E ASSINA O ACORDO

ARTURO SE REUNI COM OS DEMAIS GREVISTAS PARA DECIDIR COLETIVAMENTE

COMÍCIO PÚBLICO DA VITÓRIA DO DIA 16

Companheiros, estamos aqui reunidos para votar sobre os rumos da greve geral!

VOTAR PELO FIM DA GREVE

VOTAR PELA CONTINUAÇÃO DA GREVE

Consideramos que as concessões presentes no acordo foram uma vitória e representam o ponto de partida para conquistas futuras. Encerramos hoje, dia 16 de julho, o movimento de greve geral, mas continuaremos articulados e apoiaremos os nossos companheiros que continuarão mobilizados onde os patrões não estiverem dispostos a dialogar conosco. Estaremos sempre juntos na luta!

Pela decisão da maioria, hoje, dia 16 de julho, a greve geral chega ao fim. Mas, nós, trabalhadores, nos comprometemos a manter as paralisações onde os patrões não cumprirem com as nossas reivindicações. Nos manteremos mobilizados e sempre juntos na luta!

FIM

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